A Falácia Agnóstica

08/01/2021

Um texto de Gaspare Mura.


"Pode-se observar que o agnosticismo está hoje presente numa boa parte da cultura contemporânea, e não só no domínio científico e filosófico, mas também no domínio literário e artístico. Embora não se identifique com o ateísmo, o agnosticismo flui para uma das expressões mais refinadas do niilismo, uma vez que faz uma volta completa. Pois tal como o niilismo, o agnosticismo conclui com a impossibilidade de "conhecer" o significado da existência, que se torna encerrado - pelo menos num plano teórico - no "não-sentido" e no "nada" de uma finitude radical. Deste modo, o agnosticismo também se choca com o problema radical do significado da liberdade. Privada da sua ligação com um Absoluto que renuncia a conhecer, a liberdade perde o seu significado. Também a responsabilidade para com os outros perde também o sentido, uma responsabilidade necessariamente associada a qualquer exercício da liberdade. A impossibilidade de manter uma existência com um compromisso significativo acaba na fusão do agnosticismo com posições de ateísmo humanista, também insustentável, que são a única saída - embora contraditória - por uma razão que deseja continuar a ser fiel à sua tensão para com a justiça e a verdade, sem contudo querer reconhecer a contrapartida teórica e racional que tal tensão possui. Mais genericamente, o problema do agnosticismo também lança luz sobre a forma como a relação entre fé e razão precisa de ser tratada não só num plano de racionalidade analítica, mas também e talvez sobretudo num plano antropológico, superando a ideia de um ratio separata, que, tendo surgido com a modernidade, encontrou precisamente no agnosticismo um dos seus resultados mais explícitos." 

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora